segunda-feira, 11 de abril de 2011

No rescaldo do jogo do passado sábado...

...fiquei, e ando completamente destroçado.

No final do jogo, «explodi». E porquê? Porque como pai, não consegui evitar uma reacção ao ver que o Filipe jogou, bem como outros três miúdos, 20 segundos. E foram vinte segundos, não sou mentiroso. Vi o meu miúdo nestes últimos dias como há dois anos atrás, ou seja quando andava triste pela chegada de um novo irmão, nomeadamente o Sérgio. Mas essa era uma situação compreensível, o que me parece inadmissível é andar triste por andar no futebol que tanto gosta!  Por mais que se queira é difícil dar "a volta" à cabeça deste miúdo, cada vez está mais inseguro. Está com falta de confiança nele próprio, já vai para os jogos com medo. Eu vendo-o assim, acabei por reagir de uma forma perfeitamente condenável.

Durante o fim-de-semana andei arrasado com tudo isto. Apesar de ter a consciência que o que se faz com estas decisões técnicas não é «formação», fica sempre um desgosto por ter tido reagido explosivamente, como se fosse um "arruaceiro". E não sou. O meu miúdo anda no clube há vários anos, anda no clube do qual é sócio desde que nasceu, do clube que gostamos e por isso mesmo ainda me custa mais toda esta situação. Há quatro anos que faço orgulhosamente parte deste grupo e nunca ninguém me viu ofender ou ter situações indelicadas com quer que seja. Agora, hipócrita é que não sou. Mais: trabalho numa empresa com mais de 1000 pessoas e há-de vir a primeira que diga que se dá mal comigo.

Durante quatro anos, nunca contestei em publico o que quer que fosse sobre opções do treinador, nunca ninguém me viu individualizar questões relacionadas com o meu miúdo, inclusivamente, a única vez que reagi este ano a uma situação com a qual não me revi, foi até para defender dois miúdos que não o meu. E repito: no sábado, explodi porque também sou pai e porque vi naquela situação algo que muito mal faz a uma criança de 8 anos. Ou seja, o jogo está perdido, vamos lá meter os «coitadinhos» menos de meio minuto para dizer que todos jogam. E mais: a minha postura critica seria a mesma se o meu não tivesse sido uma das vitimas desta situação humilhante.

Sei do valor dos nossos atletas e toda a gente sabe que nunca critiquei (nem podia) o nosso treinador por não colocar o Filipe a titular ou dar-lhe mais tempo de jogo. Também sei que há objectivos delineados, mas também me parece que é possível fazer um outro tipo de gestão ao nível das substituições e que não passam por aquilo que se fez no jogo de Arouca.

Seja como for, venho por este meio pedir desculpas a todos os que presenciaram o meu triste comportamento! Uma cena que não me prestigia e que vai ser sempre uma mancha negra na minha própria pessoa.

Agora, o que será mais grave? A minha atitude irreflectida, mal educada mas a «quente», ou uma decisão ponderada de um conjunto de pessoas que formam a coordenação da Academia e que poderá prejudicar uma criança pelo mau comportamento do seu pai??? O Filipe está no Beira-Mar desde os quatro anos! O Filipe tem ali o seu grupo de grandes amigos! O Filipe ainda há um mês convidou todos os seus colegas para a sua festa de anos! O Filipe merece ser punido??? E mais: o Filipe tem uma mãe e essa mãe também tem que «pagar» a factura do seu marido?

A minha postura no sábado poderá não ter perdão, mas há coisas que não posso deixar de lembrar e que passam pelo facto de ter sabido cumprir a função de seccionista no ano passado, sempre em defesa dos miúdos e do clube! Sempre fui frontal e por isso mesmo tenha sido mal interpretado pela Academia muitas vezes.

No final do jogo houve quem tenha vindo junto a mim para me dizer que não esperavam uma atitude destas em mim! Compreendo, mas todos pecamos e num grupo como o nosso, em que já assisti a tanta coisa por parte de tanta gente, julgo que não posso aceitar lições de moral de quem que seja. Reconhecer o erro, sim claro, agora, fazerem de mim o «mau» desta equipa não é justo.

O SC Beira-Mar é o meu clube. Eu não sou do Benfica, do Porto ou do Sporting. Sou só do clube da cidade onde nasci. Não sou do Beira-Mar por ter lá um filho, sou do Beira-Mar porque herdei esta paixão do meu pai e, por isso mesmo, tenho um outro filho no minibasquete e passo os fins de semana a ver jogos de basquetebol, futsal e, claro, a acompanhar a nossa equipa de futebol sénior para todo o lado. Quero com isto dizer que também por isto, um desfecho que possa passar pela saída do Beira-Mar será sempre algo que me custará como ninguém pode imaginar. Porque para mim, é um orgulho ter um filho vestido de amarelo e preto.

Independentemente de tudo, vou continuar a ser sempre do Beira-Mar! O clube não é este ou aquele treinador que hoje está ali e amanha está noutro lado. O clube são os seus sócios e os seus adeptos e o Filipe há-de ser sempre um apaixonado por este grande clube.

Em resumo: reforço o meu pedido de desculpas a todos os que estiveram em Arouca, ao Beira-Mar, mas peço para não me crucificarem e peço ao clube que permita continuar a contar com o humilde contributo do Filipe Praça.

Um abraço para todos.

Pedro Neves



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